Era uma vez, em um reino não tão distante, um castelo grandioso que se erguia como símbolo de poder e esperança para o povo. Dentro de suas muralhas, o rei, outrora sábio e respeitado, tinha a responsabilidade de nomear seus conselheiros para ajudá-lo a governar. O destino do reino dependia dessas escolhas, pois cada conselheiro era como uma pedra na fundação do castelo: mal colocada, podia comprometer toda a estrutura.

Nos primeiros anos, o rei demonstrou sabedoria. Ele buscava entre o povo aqueles que conheciam as terras, as plantações e o pulsar da vida cotidiana. Mas, com o passar do tempo, algo mudou. Talvez fosse o peso da coroa, talvez fossem os sussurros nos corredores do castelo. O fato é que, em vez de escolher conselheiros competentes, ele começou a optar por aqueles que diziam o que ele queria ouvir, não o que ele precisava saber.

Os sinais da tempestade não demoraram a aparecer. O celeiro real começou a esvaziar, pois o conselheiro da colheita, inexperiente, mal sabia distinguir o trigo do joio. O grande salão do conhecimento, que outrora abrigava crianças aprendendo a ler e escrever, foi ficando vazio sob a gestão de um tutor que nunca havia segurado um livro. Até mesmo o exército, antes disciplinado, tornou-se desordenado, sob o comando de um general escolhido mais por amizade do que por estratégia.

Enquanto isso, o povo, que inicialmente observava em silêncio, começou a questionar. Não era uma rebelião, mas um murmúrio crescente que chegava às muralhas do castelo. “Por que o rei não ouve os sábios?”, perguntavam-se os aldeões. “Será que ele esqueceu que o reino não é apenas seu, mas de todos nós?”

O rei, por sua vez, começou a sentir o peso de suas escolhas. O trono, que antes era um lugar de orgulho, tornou-se um fardo. Ele olhava para os salões do castelo e via o reflexo de suas decisões. Os conselheiros que o cercavam pareciam mais interessados em manter suas posições do que em resolver os problemas do reino. E, assim, o controle começou a escapar-lhe das mãos.

Esta história, como muitas outras, tem uma lição: um reino é tão forte quanto as escolhas de quem o governa. E, quando um rei negligencia o povo, as muralhas, por mais altas que sejam, não podem conter a insatisfação. Talvez, em algum momento, o rei desperte e retome o caminho da sabedoria. Ou talvez o castelo, como tantos outros, se torne apenas mais uma ruína no tempo, lembrança de um reinado que esqueceu para quem existia.

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