Na floresta encantada, onde os sons da natureza eram interrompidos pelo ruído ensurdecedor dos “carroões”, os sapos ricos se preparavam para mais uma de suas extravagantes festas. Desta vez, o motivo da comemoração era especial: o Sapo Boi, aquele mesmo que há anos tentava em vão ser o chefe da floresta, havia se superado na arte de alianças duvidosas. A perereca do mangue, que ele tanto esculhambou e desmoralizou, agora era sua nova aliada – uma amizade tão verdadeira quanto um beijo de Judas.
Os pobres, como sempre, foram excluídos do evento. Sentados em suas humildes tocas, assistiam ao desfile dos sapos ricos, cobertos de dinheiro e arrogância, passando com seus veículos imponentes. Enquanto isso, a floresta sofria com os desmandos de um grupo que, há mais de quarenta anos, mandava e desmandava sem considerar o bem-estar da maioria.
O Sapo Boi, com seu sorriso traiçoeiro, estava radiante ao lado da perereca do mangue. Era irônico ver como os interesses mútuos transformavam inimigos em aliados. A perereca, conhecida por sua falsidade, beijou o Sapo Boi como Judas beijou Jesus, selando uma aliança que prometia ser tão imunda quanto efêmera.
Porém, a floresta estava cansada. O povo das flores, os animais e até as plantas sentiam a necessidade de mudança. Já não aguentavam mais os desmandos e a arrogância dos sapos ricos. As promessas vazias e os conchavos imorais não enganavam mais ninguém. O Sapo Boi, que já havia perdido tantas eleições, estava prestes a enfrentar mais uma derrota.
O clamor por mudança ecoava por toda a floresta. Os pobres, excluídos da festa, sabiam que seu momento estava chegando. As alianças sujas e os beijos traiçoeiros não seriam suficientes para manter o Sapo Boi no poder. A força do povo das flores era maior do que qualquer riqueza ou aliança imoral.
E assim, na próxima eleição, mais uma vez, o Sapo Boi sentiria o peso da rejeição de um povo que ansiava por um líder verdadeiro, alguém que não se curvasse diante do dinheiro ou das falsas amizades, mas que realmente se importasse com o bem-estar de toda a floresta.
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