Homerun anuncia fábrica de vidro solar para Camaçari: e Belmonte, vai ficar calada mais uma vez?

BELMONTE
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Em um anúncio que pegou muitos de surpresa, a Homerun Resources Inc. revelou que a primeira unidade de fabricação de vidro solar dedicada da América Latina, com capacidade para produzir impressionantes 1.000 toneladas diárias, será construída em Camaçari, Bahia, e não em Belmonte, onde inicialmente se esperava que o projeto fosse instalado. A mudança de local levanta uma questão inevitável: a população de Belmonte vai aceitar esse desfecho passivamente, sem questionar a perda de uma oportunidade de desenvolvimento econômico e geração de empregos?

A fábrica, que representa um investimento inicial de 151,5 milhões de euros, será construída com tecnologia de ponta da HORN Glass Industries AG, contando com um grande forno de fusão de vidro regenerativo, sistemas avançados de controle e automação e infraestrutura de alta eficiência energética. A unidade será alimentada por gás natural, com reserva para óleo combustível, e visa suprir a crescente demanda por vidro solar ultra-transparente de baixo teor de ferro, essencial para painéis solares de alta eficiência.

Embora a proximidade dos ativos de areia de sílica de alta pureza de Belmonte tenha sido citada como um diferencial para a instalação da fábrica, a escolha recaiu sobre Camaçari, com sua infraestrutura completa, incluindo energia elétrica, água, gasoduto e um porto de águas profundas. De acordo com a Homerun, esses fatores foram decisivos, mas a questão que fica é: Belmonte, mais uma vez, perdeu a chance de se desenvolver economicamente?

Belmonte e o “quase” desenvolvimento

Não é a primeira vez que Belmonte fica no “quase” quando o assunto é grandes investimentos. A promessa de desenvolvimento e de transformação econômica é frequentemente seguida por desilusões, e o caso da fábrica de vidro solar parece ser mais um capítulo dessa história. Para a população local, acostumada a ver oportunidades se esvaírem, resta o questionamento: até quando se aceitará o papel de coadjuvante nos planos de desenvolvimento da Bahia? Será que Belmonte será sempre lembrada apenas como fornecedora de matéria-prima, enquanto os verdadeiros ganhos econômicos se concentram em outras regiões?

Uma fábrica que promete, mas não para Belmonte

Para o governo da Bahia, a escolha de Camaçari faz sentido, considerando a infraestrutura robusta e a proximidade com o porto de Aratu, fatores que facilitam a logística e reduzem custos operacionais. Mas e quanto ao potencial de Belmonte? Afinal, a areia de sílica de alta pureza que será utilizada no processo vem de lá. Não merecia a cidade ser beneficiada diretamente, criando-se ali mesmo a fábrica que agregaria valor ao recurso extraído de seu solo?

O apoio do governo estadual foi decisivo para atrair a fábrica para Camaçari, com promessas de criação de empregos, desenvolvimento de habilidades e investimento estrangeiro. Enquanto isso, Belmonte, que há tempos luta para ter mais do que apenas “potencial” econômico, fica de fora dessa “corrida solar”, assistindo de longe o progresso passar.

Vai ficar calada mais uma vez?

A população de Belmonte precisa decidir se continuará aceitando passivamente a transferência de oportunidades para outras cidades. Se o município tem os recursos, por que não lutar para ter também os benefícios? Fica a pergunta para os cidadãos e líderes locais: até quando Belmonte continuará assistindo os investimentos desviarem para outros destinos? É hora de fazer barulho e exigir que o futuro seja construído com a participação ativa de Belmonte, e não apenas com o uso de suas riquezas naturais.

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